terça-feira, 30 de março de 2010

Os e.mails ressoam... Climagate?

Mais alguns argumentos contra as previsões catastróficas do clima que (por incrível que pareça) só beneficiam os grandes países e acabam com qualquer possibilidade de se ter mais alguns países desenvolvidos...
_____________________________________________________________


Céticos do clima falam a ruralistas em SP
Ricardo Mioto para a Folha de São Paulo

Climatologista americano e estatístico dinamarquês ressaltaram mudança na opinião pública após fiasco de Copenhague
Pat Michaels deu palestra com emails do climagate, enquanto Bjorn Lomborg contou que vai gravar um filme em resposta a Al Gore.

Suzanne Plunket - 06.mar.07/Bloomberg
O estatístico Bjorn Lomborg, que deve estrelar um documentário em resposta ao de Al Gore

Na plateia, grandes agricultores do interior do país e estudantes universitários, vários de agronomia. No palco, dois dos principais céticos da mudança climática contando como o jogo virou -para o lado deles.

Esse cenário insólito foi armado ontem em São Paulo, no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima, promovido pela CNA (Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil), maior organização em defesa dos interesses dos produtores rurais no país.

O evento começou na noite de domingo, quando o vice-presidente da CNA, Assuero Veronez (representando sua presidente, a senadora Kátia Abreu, que está doente) alertou para que não se cometesse o erro de limitar a expansão da agropecuária no Brasil em nome do ambiente sem as devidas convicções científicas.

Ontem a manhã foi do estatístico dinamarquês Bjorn Lomborg e do climatologista americano Pat Michaels. A dupla esteve em São Paulo há exatos dois anos, num contexto diferente: após o relatório de 2007 do IPCC e antes do fiasco de Copenhague, quando o público apoiava a ciência do clima.

Michaels lembrou o crescente número de americanos que dizem achar que as preocupações com o aquecimento global são exageradas. Você não pode assustar as pessoas para sempre, comentou Lomborg.

Inquirido sobre se os resultados recentes das pesquisas eram uma vitória, ele disse que se tratavam de uma demonstração de abertura ao diálogo.

Lomborg disse à Folha que está com a agenda cheia para dar palestras mundo afora. A receptividade mudou muito.

Os dois céticos não negam que o planeta possa estar esquentando. Mas falam que não é possível afirmar com convicção que os humanos são responsáveis por isso, e que, mesmo que sejam, a ideia de cortar imediatamente emissões de CO2 não passa de histeria.

Michaels reafirmou sua posição de que os governos não deveriam gastar dinheiro contra o aquecimento global. O mercado fará pressão para o desenvolvimento de novas tecnologias mais limpas.

É, de certa forma, como se você estivesse no Titanic afundando, soubesse disso, e achasse que o melhor é não fazer muita coisa, disse à Folha o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ, que também participou do evento.

Michaels, na sua apresentação, mostrou aos agricultores emails roubados de climatologistas da Universidade de East Anglia. Um deles, do americano Ben Santer, dizendo que, se encontrasse Michaels, ficaria tentado a bater nele.

Em comum entre céticos e não-céticos, só o pessimismo sobre a cúpula do clima de Cancún, no fim do ano. Não acontecerá muita coisa, diz Michaels. Até lá, um filme com Lomborg, baseado em seu livro Cool It, resposta a Uma Verdade Inconveniente de Al Gore , já terá sido lançado. O produtor é Ralph Winter, que ajudou a produzir X-Men, diz.

EMAIL: cna@knowtec.com

domingo, 28 de março de 2010

Mais uma do Minc e salve-se quem puder...

Mais uma pra cá... e sempre, e outra vez, o Pará vei ficando engessado, congelado e asfixiado... Como se pode pensar em crescimento se não há para onde crescer?..
___________________________________________________________

Governo "fatia" Amazônia em 10 áreas para guiar ações
por EDUARDO SCOLESE
da Folha de S. Paulo, em Brasília

A Amazônia Legal será dividida em dez áreas e cada uma delas terá uma estratégia própria de preservação e de desenvolvimento econômico.

O fatiamento faz parte do chamado "macrozoneamento" da região, apresentado nesta quarta-feira (24) pelo Ministério do Meio Ambiente e que, em dias, deve ser transformado em decreto pelo presidente Lula.

Na prática, esse documento passa a ser uma diretriz para qualquer tipo de ação territorial, econômica (pública e privada) e ambiental nos Estados do Norte, em Mato Grosso e parte do Maranhão.
Editoria de Arte/Folha Imagem
 
O decreto presidencial não criará novas regras. Por isso, para funcionar de fato, terá de contar com a colaboração de Estados e municípios.

"Esse olhar conjunto da Amazônia é uma estratégia para que a região possa ser mais preservada, se desenvolva e esse zoneamento não fique no papel", disse ontem o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).

A definição das dez áreas ocorreu após anos de conversas. Cada área tem a sua característica e sua estratégia.

Por exemplo: a primeira, chamada de "coração florestal", pega quase a totalidade de Acre e Amazonas e trechos de Pará, Amapá e Roraima. O objetivo é deixá-la quase intocável, já que abriga a maior porção de florestas intocadas da região. Nessa região, novos assentamentos rurais serão limitados.

Outra área, que pega o sul do Amazonas e o centro-sul paraense, chamada de "contenção de frentes de expansão", servirá como uma espécie de cinturão verde para proteger o avanço da soja e da pecuária. Para isso, será priorizada a criação de unidades de conservação.

No norte de Mato Grosso estará a área "diversificação da fronteira agroflorestal e pecuária". A ideia é focar ali na implantação de uma indústria sustentável da madeira e incentivos à expansão da agricultura em pastagens degradadas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Nacionalismo?.. Tô Nessa!!!

Segue postagem do blog Código Florestal Brasileiro...
______________________________________________

A refundação da Frente Parlamentar Nacionalista

Um grupo de parlamentares refundou ontem na Câmara a Frente Parlamentar Nacionalista. Criada pela primeira vez em 1956, a Frente foi extinta em em abril de 1964, em função da cassação da maioria de seus membros pelo regime militar recém-implantado.

A Frente foi criada em resposta à tentativa da ONG SOS Mata Atlântica de chantegear os deputados da Comissão Especial que analisa mudanças no Código Florestal através da rotulagem desse deputados como destruidores do meio ambiente perante a opinião pública. O ambientalista Mario Mantovani da SOS Mata Atlântica e o Dep Sarney Filho, líder da Frente Parlamentar Ambientalistas, coordenam essa tentativa de chantagem.

Mantovani e Sarney despertaram um monstro. O ambientalismo fundamentalista tem pavor do nacionalismo. O nacionalismo tem apelo social. Ninguém leva à sério o que diz um "ruralista", mas o que diz um nacionalista encontra eco na sociedade, ainda que as propostas partam das mesmas pessoas. Não vai ser difícil para a nova Frente Nacionalista colar nos ambientalistas radicais velhos medos arraigados na sociedade brasileira como a internacionalização da Amazônia e os interesses internacionais travestidos de demanda ambiental.

A Frente Nacionalista pode vir a ser mais um duro front na batalha contra os excessos do fundamentalismo ambiental.

Sugestão à nova Frente Nacionalista: não deixem que parlamentares cuja a imagem está diretamente ligada ao ruralismo tomem a frente nas demandas dos Nacionalistas. A forma mais fácil do ambientalismo destruir a nova frente é imbricá-la aos ruralistas. Fujam dessa esparrela. Os ruralistas terão ainda um importante papel ao atrair para si o contra ponto com os fundamentalistas do ½ ambiente. A Frente Nacionalista tem que se reservar um outro front, uma espécie de terceira via.

Em tempo, é necessário separar os fundamentalistas do do ½ ambiente dos ambientalistas. Preservar/conservar o ambiente é imprescindível. Isso pode ser feito de forma soberana sem infringir perdas ao povo brasileiro, como querem os ambientalistas, ou de forma canalha, relegando parte da população brasileira a inanição econômica, como querem os fundamentalistas do ½ ambiente como Sarney Filho, Paulo Adário, Mario Mantovani, Bob Smeraldi, Carlos Minc e Cia. Ltda. É preciso ressaltar, enfatizar e expor essa diferença.

E que as escolhas sejam feitas. Sejam bem vindo os Nacionalistas.
 

domingo, 21 de março de 2010

AJUDE A MUDAR O CÓDIGO FLORESTAL

Repasso postagem/mensagem do amigo Ciro Siqueira para que possamos fazer alguma coisa, de verdade, em favor dos brasileiros e em especial dos amazônidas. Vamos participar!!!
_______________________________________________

Caros,

Descobri na net um site que faz petições eletrônicas, permite que pessoas assinem essa petição e as envia para outros, são os nossos populares "abaixo assinados". Resolvi então fazer um abaixo assinado pedindo por mudanças no Código Florestal.

Redigi uma minuta de petição pedindo mudanças no Código Florestal e ressaltando que as motivações dessa mudança não são anseios suicidas de destruição do meio ambiente, mas a impossibilidade prática de aplicação da lei sem destruir o campo. Essa petição pode ser subscrita por qualquer pessoa e será enviada aos parlamentares do Congresso Nacional no dia 2 de março. A meta é coletar 1.000 assinaturas até o dia 1º de março.

Peço ao leitor que leia a petição e junte-se a nós nessa luta por um Código Florestal capaz de proteger o meio ambiente sem destruir o setor produtivo rural, seja familiar, seja empresarial.

Caso queira participar clique no banner abaixo. Seu navegador abrirá uma nova página (ou aba). Clique no botão View Whole Petition logo abaixo da árvore e leia a minuta de petição que será enviada aos congressistas. Caso concorde com a petição é só preencher os dados no formulário logo abaixo do texto. É necessário colocar seu nome, e-mail e endereço físico. Importante: essas informações NÃO serão públicas. Caso você não queira que seu nome apareça na lista de assinaturas, marque o quadrado Don't display my name logo abaixo do campo Nome, seus dados serão registrados no abaixo assinado, mas seu nome não aparecerá na lista. Não deixe de responder às perguntas nos retângulos maiores à direita do formulário, eles servirão para dar força a sua assinatura. Depois é só apertar o botão Sign, confira suas informações e clique novamente em Sign. O sistema então abrirá uma janela onde você poderá recomendar a petição para amigos seus, se você tiver familiaridade com inglês e quiser usar a página, fique à vontade, se não quiser clique no botão cinza abaixo onde está escrito Skip this. Pronto, você concluiu a assinatura do abaixo assinado.

Caso você não queira assinar é só fechar a página ou aba do seu navegar. Sem ressentimentos.

Lembrando que a petição é apenas uma minuta. Você pode fazer sugestões que serão ou não aceitas depois de serem avaliadas. A idéia é construirmos juntos a carta que será enviada aos parlamentares. Mande sua sugestão para o e-mail: maispreservacao.maisproducao@gmail.com

Se você quiser assinar a petição, mas tiver dificuldades com o site (ou com o inglês) mande uma mensagem para o e-mail acima dizendo que quer participar do abaixo assinado.

Se você gostou da idéia do abaixo assinado, divulgue-o no seu site. Mande uma mensagem para o e-mail acima solicitando o código fonte do banner para que você possa colocá-lo na sua página.

O banner ficará disponível aqui no blog na coluna da direita, logo abaixo da gravura do Goya. Pode-se clicar nele a qualquer tempo e proceder a assinatura da petição.

CLIQUE E ASSINE.

domingo, 14 de março de 2010

NASA contraria pesquisa da ONU

Recebi por e.mail esta publicação enviada pelo amigo Ciro Siqueira. Acho que vale a pela reproduzir.

__________________________________________
Sábado, 13 de março de 2010

Jornal do Brasil
Nasa contraria pesquisa da ONU

Da Redação

Um estudo encomendado pela agência espacial americana Nasa e publicado na revista Geophysical Research Letter concluiu que a Floresta Amazônica é bem mais resistente à seca do que se pensava anteriormente. Os resultados contrariam o último relatório do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), órgão da ONU que concluiu, em 2007, que até 40% da Amazônia poderia ser perdida devido a uma ligeira redução na precipitação.

Cientistas ligados à Universidade de Boston, nos EUA, analisaram dados obtidos por satélites da Nasa que mostram a extensão da cobertura vegetal da Amazônia na última década. Ao contrário do que o IPCC e outros estudos anteriores indicavam, a equipe não encontrou grandes diferenças nos níveis florestais entre os anos de seca e anos normais, segundo resumiu o pesquisador de Boston, Arindam Samanta, coordenador do estudo.

A conclusão do IPCC baseavase em um estudo de 2000 encomendado pela ONG ambientalista WWF que não citava as fontes originais da previsão da redução da Floresta.

Baseando-se neste estudo, o IPCC havia declarado que “a vegetação tropical, a hidrologia e o sistema climático da América do Sul poderiam mudar muito rapidamente”.

Duro golpe
 A descoberta do erro representa mais um duro golpe para o IPCC, que já vinha sendo alvo de duras críticas por imprecisões em seus dados.

Nossos resultados certamente não indicam essa extrema sensibilidade a reduções nas chuvas – afirmou Sangram Ganguly, um dos pesquisadores envolvidos na pesquisa encomendada pela Nasa.

O estudo do WWF também já havia sido duramente criticado pelo cientista brasileiro José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Os novos cálculos são muito mais confiáveis e corretos – garantiu Marengo.

A nova pesquisa também contraria um estudo publicado na Science em 2007, indicando que as florestas se beneficiam de secas, porque são expostas a mais luz solar durante as épocas sem nuvens da seca. Segundo os cientistas contratados pela Nasa, esta conclusão também é “falha” e “irreprodutível”.

Esse novo estudo traz alguma clareza à nossa embaçada compreensão de como essas florestas, com suas ricas fontes de biodiversidade, se comportariam no futuro diante da dupla ameaça do desmatamento e da mudança do clima – afirmou à BBC o coautor da nova pesquisa, o professor Ranga Myneni.

As confusões não param por aí. No ano passado, outro estudo, desta vez divulgado por cientistas britânicos, sugeriu que a as florestas tropicais são menos vulneráveis a secas graves devido aos efeitos do aquecimento global.

A nova pesquisa adverte, porém, que a rápida degradação da Floresta Amazônica em função das mudanças climáticas podem representar uma séria ameaça para as florestas tropicais ainda neste século.

A carne não é fraca... Comparando as emissões de CO2 pelos bovinos e o que é retido pelas pastagens, o saldo é positivo

Por Roberto Rodrigues** para a Folha de São Paulo

UM DOS dados demográficos mais repetidos é o de que em 2050 teremos uma população planetária superior a 9 bilhões de pessoas e isso, de acordo com a FAO, exigirá um aumento de 70% na produção agropecuária, para fornecer alimentos, fibras e energia. Também é bastante comentado o fato de que está chegando o momento em que as populações urbanas, pela primeira vez na história do mundo, passam a ser mais numerosas que as rurais, isto é, cada vez menos gente deverá produzir para cada vez mais gente.

E outra questão demográfica é a mudança da pirâmide etária: com o aumento da expectativa de vida e o controle da natalidade efetuado voluntariamente pelas famílias, teremos crescentemente mais idosos e menos crianças.

Todos esses temas interferem profundamente na atividade agropecuária global, estabelecendo o grande debate sobre como produzir mais e com sustentabilidade sem destruir recursos naturais.

Claro que a resposta está na tecnologia, e os aumentos de produtividade garantirão o abastecimento, sem danos.

Mas há um ponto muito interessante em toda essa discussão, relativo às mudanças de hábitos alimentares: o aumento da população mais idosa e do poder aquisitivo dos países em desenvolvimento indica uma maior demanda por proteínas, frutas e legumes, em detrimento de carboidratos.

É óbvio que quem quiser vender os seus produtos deve produzir o que os consumidores quiserem. Portanto, precisamos produzir carnes. Temos capacidade para isso?

Sim, enorme, e os números são expressivos. Desde 1990 nossa produção cresceu bastante: 8,6% ao ano para frangos, 5,9% anuais para suínos, 3,2% ao ano para bovinos.

Somos competitivos em todas as carnes. E, na bovina, levamos uma vantagem enorme sobre os países do hemisfério Norte: nosso boi é criado a pasto o ano todo, porque não temos o inverno gelado de lá, que obriga a estabular o gado por meses.

Previsões do Ministério da Agricultura indicam que, em 2010, exportaremos 6 milhões de toneladas de carne de frango, 3 milhões de carne bovina e 830 mil toneladas de carne suína.

Se essas previsões se confirmarem, o Brasil ainda será o maior exportador mundial de carne bovina, com 42,7% de todo o comércio, e de carne de frango, com 70%, e deverá estar no 3º lugar em carne suína, com 16%.

Mas há uma sombra no horizonte desse setor importantíssimo de nossa atividade rural. Pesa sobre ele a notícia de que a pecuária de corte emite muito metano, por meio das eructações. No caso brasileiro, cerca de 35% das emissões de metano viriam da pecuária bovina. E o metano é bem mais danoso que o CO2, para efeito de aquecimento global. No entanto, para facilitar as contas, os especialistas convertem todos os gases de efeito estufa em CO2 equivalente.

Estudos recentes indicam que, no Brasil, onde temos pouco mais de uma cabeça por hectare, os bovinos emitem 60,5 kg de metano e 54 kg de CO2 por hectare/ano, ou 1,3 tonelada em equivalente CO2/hectare/ano. Por outro lado, há estimativas de que um hectare de pastagem sequestre 3,4 toneladas em equivalente CO2/hectare/ano. Portanto, é possível concluir que, no fim das contas, comparando as emissões de CO2 pelos bovinos e o que é retido pelas pastagens, o saldo é positivo.

Há ainda muito o que estudar e muito a fazer para melhorar esse saldo, mas a bovinocultura já é um setor capaz de avançar sustentavelmente.

**ROBERTO RODRIGUES , 67, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula). Escreve aos sábados, a cada 15 dias, nesta coluna.

E-mail: rr.ceres@uol.com.br
Link: http://si.knowtec.com/scripts-si/MostraNoticia?&idnoticia=13052&idcontato=8894094&origem=fiqueatento&nomeCliente=CNA&data=2010-03-13

domingo, 7 de março de 2010

Vamos de quê, arroz ou boi?..

Índios já transformam arrozais em pasto

Loide Gomes para o Estado de São Paulo

Os arrozais localizados na região de Surumu, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, a nordeste de Roraima, foram transformados em imensos campos de pasto pelos indígenas que ocuparam as fazendas
Os arrozais localizados na região de Surumu, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, a nordeste de Roraima, foram transformados em imensos campos de pasto pelos indígenas que ocuparam as fazendas. Os rizicultores foram expulsos em abril do ano passado, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela legalidade da demarcação em área contínua da reserva em 1,7 milhão de hectares.

As fazendas onde antes eram cultivados quase 13 mil hectares de arroz hoje abrigam 1.300 cabeças de gado. O rebanho é comunitário e atende às aldeias localizadas nas regiões de Surumu e Baixo Cotingo. Segundo Júlio Macuxi, coordenador do Departamento de Projetos e Convênios do Conselho Indígena de Roraima (CIR), a pecuária extensiva cumpre duas funções: gera renda e fornece o esterco usado como adubo orgânico na produção de alimentos.

Se por um lado os indígenas encontraram uma finalidade para as fazendas, os arrozeiros ainda lutam para reorganizar a produção fora da reserva. Nenhum deles conseguiu reassentamento. Quem plantou teve de arrendar terras, o que aumentou o custo de produção embora a lavoura seja menor.

Nelson Itikawa, presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, vai gastar R$ 500 mil ao ano para utilizar dois mil hectares nos municípios de Cantá e Normandia. Na Raposa Serra do Sol ele cultivava 2,5 mil hectares de arroz.

Paulo César Quartiero, o maior produtor e líder da resistência contra a demarcação, está parado e não tem perspectiva de retomar o trabalho. Não me interessa arrendar área porque o custo é muito elevado, disse.

NA JUSTIÇA
Quartiero também desistiu de reivindicar o reassentamento e concentra seus esforços em nova batalha judicial contra a decisão do STF que entregou as fazendas Providência e Depósito aos indígenas.

Seus advogados trabalham ainda em ação para cobrar da União indenização por danos morais e o lucro cessante pelo tempo que deixou de produzir por falta de terra. As fazendas são minhas. Sofri esbulho e fui tachado de monstro, alega.

Em janeiro do ano passado o presidente Lula transferiu seis milhões de hectares para Roraima, numa espécie de compensação pela Raposa Serra do Sol. Apesar disso, o Estado diz não ter áreas de lavrado (savana) disponíveis para destinar aos arrozeiros.

Noventa por cento das margens dos rios com características próprias para a produção de arroz são tituladas. Os outros 10% estão ocupados e o governo vai dar oportunidade para estas pessoas se regularizarem antes de retomar, informa Pedro Paulino Soares, presidente do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima).

Já o Incra assegura que antes da transferência das terras não recebeu nenhum pedido de reassentamento dos arrozeiros e agora não tem mais imóveis rurais para realocá-los.
 
(recebido por e.mail)

sábado, 6 de março de 2010

Sem-terra receberam 2 Estados de SP, diz Incra

Por: Roldão Arruda para O Estado de São Paulo
Balanço a ser usado na campanha de Dilma é contestado pelo MST

O Instituto Nacional de Colonização e reforma agrária (Incra) acaba de concluir um novo levantamento sobre a reforma agrária no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com os números oficiais, em sete anos foram assentadas 574,6 mil famílias, numa área de 46,7 milhões de hectares. Isso corresponde a quase duas vezes o território do Estado de São Paulo - com 24,8 milhões de hectares.

Ainda de acordo com os dados oficiais, já encaminhados ao Palácio do Planalto, as realizações do atual governo representam 55% de tudo que foi feito na área da reforma agrária em 40 anos de existência do Incra. Na soma dos vários governos do período, 84,3 milhões de hectares já foram transformados em assentamentos rurais. Considerando que o Brasil tem aproximadamente 850 milhões de hectares, pode-se dizer que 10% do território foi para a reforma.

Os números serão incorporados à coleção de realizações sociais que o governo Lula deve utilizar para irrigar a futura candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT) à Presidência. Eu não tenho dúvida de que se trata de um sucesso do atual governo, diz o presidente do Incra, Rolf Hackbart. Nunca se fez tanto pela reforma agrária, que é fundamental para o desenvolvimento sustentável.

Fora do governo os números são vistos com desconfiança. O Movimento dos Sem-Terra (MST) não vê motivo para comemorar, uma vez que os números estão aquém do prometido por Lula. No ano passado, por exemplo, foram assentadas 55,4 mil famílias, quando a meta do governo era 75 mil.

O MST também critica o fato de a maior parte dos assentamentos ficarem na Região Norte, em áreas de regularização fundiária ou de retomada de terras públicas pela União. De fato, dos 46,7 milhões de hectares festejados pelo Incra, 36,9 milhões ficam na Amazônia Legal.

O pesquisador Ariovaldo Umbelino, professor da USP e assessor do MST, tem acusado o governo de engordar artificialmente os números da reforma agrária com casos de simples regularização fundiária. A criação de assentamentos tem caráter de política assistencial, buscando resolver conflitos isolados, sem fazer mudança na estrutura fundiária, disse o MST em recente nota oficial sobre números de assentamentos.

Para a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, os números do Incra derrubam a tese de que a sociedade brasileira é insensível ao problema dos sem-terra.

Como falar em insensibilidade, se 10% do território já foi para a reforma agrária?, diz ela. Essa história de insensibilidade e dívida histórica não pode mais servir para justificar invasões e criar insegurança jurídica no meio rural. O que foi possível fazer já foi feito.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, critica a falta de produtividade nos assentamentos. Com raríssimas exceções, não dão resultado. O governo leva gente da periferia das cidades para projetos que não levam a nada. É um crime com o dinheiro público, diz ele.

Para Silva, o governo, no afã de melhorar os números em ano eleitoral, está assentando pessoas em Mato Grosso em pequenas áreas de 7 hectares. É absolutamente impossível uma família garantir o seu sustento naquela área, afirma. O governo gasta R$ 35 mil para assentar uma família, que depois vende o lote por R$ 10.

O presidente do Incra assegura que o governo, além de assentar mais famílias também investiu na melhoria dos assentamentos, com mais recursos para a construção de casas, redes de energia elétrica e de água. Paralelamente, criaram-se mecanismos para estimular a produção. Um dos melhores exemplos é o programa de aquisição de alimentos, que obriga as prefeituras a comprar pelo menos 30% do material da merenda escolar das cidades na agricultura familiar, afirma ele.

Entre técnicos do Incra, é consenso que a reforma ainda deve continuar. É comum ouvir ali que, apesar dos avanços, não houve nenhuma mudança nos índices de concentração fundiária no País.

A senadora Kátia Abreu também combate esse argumento. Enquanto Estados Unidos, Austrália, Canadá e Argentina possuem, juntos, 2,7 milhões de propriedades rurais, no Brasil existem 5,1 milhões.