terça-feira, 20 de abril de 2010

LIBERADO NOVAMENTE BELO MONTE

O Tribunal Regional Federal da 1a. Região cassou novamente a Liminar que impedia o Leilão de Belo Monte. As informações são de Val-André (Blog Pelos Corredores do Planalto) a seguir.

Liberado leilão de Belo Monte
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região cassou novamente uma liminar que impedia o leilão da usina de Belo Monte, no Pará. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ainda não se posicionou, mas poderá realizar o leilão da hidrelétrica ainda hoje, data inicialmente agendada para a disputa.

Ontem, minutos depois de ser informado de nova liminar suspendendo o leilão, o governo entrou com recurso para cassar a decisão. A liminar de ontem foi concedida pelo juiz Antonio Carlos Almeida Campelo, de Altamira (PA), que atendeu um pedido do Ministério Público Federal. Essa é a segunda tentativa do MPF de brecar o leilão da usina, orçada em cerca de R$ 19 bilhões e um dos maiores projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Publicado por Val-André Mutran as Terça-feira, Abril 20, 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O aquecimento global e a invenção dos 2ºC


Na maré de descrédito que se abate sobre o “aquecimentismo”, a prestigiosa revista alemã Der Spiegel acaba de publicar, em seu portal, uma interessante reportagem sobre os bastidores do chamado “Climagate”. Mesmo sem ser original e tentando manter uma isenção sobre o tema, a reportagem trouxe algumas novidades, das quais a que mais chama a atenção é o relato de como o famoso limite dos dois graus centígrados – acima do qual a vida em nosso planeta, tal como a conhecemos hoje, já não seria possível - foi inventado. [1]

O “pai” da meta dos dois graus foi o cientista alemão Hans Joachim Schellnhuber, diretor do Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático (PIK). "Dois graus não é um limite mágico, é claramente um objetivo político. O mundo não vai chegar a um fim imediato em caso de forte aquecimento global, nem estamos definitivamente salvos se o aquecimento não for tão significativo. A realidade, naturalmente, é muito mais complicada", disse Schellnhuber.

A história da meta de dois graus começou no Conselho Consultivo Alemão sobre Mudança Global (WBGU) quando políticos pediram aos cientistas que enunciassem as diretrizes para a proteção do clima de uma forma mais direta e de simples entendimento. Os cientistas, sob a liderança de Schellnhuber, surgiram então com uma idéia surpreendentemente simples. "Nós olhamos para a história do clima desde o surgimento do homo sapiens", recorda Schellnhuber. "Isso nos mostrou que a temperatura média global nos últimos 130.000 anos nunca foi mais de dois graus acima que a prevalecente antes da revolução industrial. Para ficar no lado da segurança, inventamos uma regra dizendo que seria melhor não se afastar desse campo da experiência na evolução humana. Caso contrário, estaríamos pisando em uma terra incógnita ".

Como a própria reportagem argumenta,

  • "Por mais tentador que pareça, uma investigação mais acurada desta abordagem revela apenas um passe de mágica. Isso porque os seres humanos são filhos de uma era glacial. Por muitos milhares de anos, eles lutaram para sobreviver em um clima que foi pelo menos quatro graus centígrados mais frio do que é hoje e, às vezes, até oito graus mais frio. Isto significa que, no balanço, a humanidade já sobreviveu a flutuações de temperatura muito mais graves do que dois graus. E os períodos de frio sempre foram os piores. Além disso, as civilizações modernas têm muito mais meios técnicos para adaptar-se às alterações climáticas do que as sociedades anteriores”.
Em bom vernáculo, o limite dos dois graus centígrados foi definida no "achômetro", não passando de uma invenção irresponsável e sem qualquer evidência científica, para permitir as manipulações políticas do “aquecimentismo” antropogênico.

Notas: [1]A Superstorm for Global Warming Research, Der Spiegel, 04/01/2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cientistas tentam defender trabalhos sobre o clima





Há meses cientistas do clima sofrem críticas cruéis na mídia e na internet, acusados de esconder dados, cobrir erros e suprimir visões alternativas. Sua reposta até agora tem sido, em grande, parte, insistir na legitimidade de seu vasto corpo de ciência climática e ridicularizar seus críticos, chamando-os de esquisitos e desinformados. No entanto, o volume de críticas e a profundidade da dúvida só cresceram.

Muitos cientistas hoje estão enfrentando uma crise de confiança pública e sabem que tem de rebatê-la. A contragosto, eles estão começando a envolver seus críticos, admitir erros, abrir dados e remodelar a forma como conduzem seu trabalho.

A liberação não autorizada, no último outono, de centenas de mensagens de e-mail de um grande centro de pesquisa sobre o clima na Inglaterra, e, mais recentemente, revelações de um punhado de erros num suposto relatório confiável das Nações Unidas sobre a mudança climática, criaram o que vários cientistas importantes afirmam ser uma grande quebra de confiança em sua pesquisa. Eles afirmam que essa agitação ameaça minar décadas de trabalho e tem prejudicado enormemente a confiança do público na atividade científica.

No episódio do e-mail, chamado de "climategate" por alguns críticos, o conteúdo das mensagens vazadas fez com que alguns cientistas conhecidos sofressem acusações de esconder dados de temperatura de pesquisadores rivais e manipular resultados para estarem em conformidade com conclusões pré-estabelecidas. "Eu obviamente escrevi alguns e-mails terríveis", disse o britânico Phil Jones, diretor da unidade de pesquisa climática da University of East Anglia e centro da controvérsia, em confissão recente a um comitê especial do Parlamento. Mas ele discordou veementemente de acusações de que ele teria escondido dados ou falsificado resultados.

No entanto, danos sérios já foram causados. Uma pesquisa conduzida no final de dezembro pela Universidade de Yale e pela George Mason University descobriu que o número de americanos que acreditava que a mudança climática era uma enganação ou conspiração científica mais que dobrou desde 2008, de 7% da população para 16%. E 13% dos americanos disseram achar que, mesmo que o planeta esteja esquentando, isso seria resultado de fatores naturais apenas e não representaria uma preocupação significativa.

"Está claro que a comunidade científica do clima simplesmente não estava preparada para a escala e ferocidade dos ataques, e simplesmente não responderam de forma rápida e adequada", afirmou Peter C. Frumhoff, ecologista e cientista-chefe da Union of Concerned Scientists.

Agora várias instituições estão iniciando esforços para melhorar a qualidade de sua ciência e tornar seu trabalho mais transparente. A agência britânica oficial do clima está realizando uma revisão completa de seus dados de temperatura e irá tornar públicos seus registros e análises pela primeira vez, permitindo análises detalhadas por parte de terceiros em relações a métodos e conclusões.

Nenhum órgão científico está sofrendo inspeções mais hostis do que o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança Climática (IPCC), que compila pesquisas climáticas de centenas de cientistas ao redor do mundo em relatórios periódicos com o objetivo de ser a afirmação definitiva da ciência e um guia para a criação de diretrizes. Críticos, citando vários erros relativamente menores em seu relatório mais recente e acusações de conflitos de interesse contra seu líder, Rajendra K. Pachauri, pedem que o IPCC seja dispensado ou radicalmente reformulado.

Pachauri foi agraciado, em 2007, com o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho no painel. A honraria foi dividida com o ex-vice presidente dos EUA, Al Gore.

No dia 27 de fevereiro, após semanas de recusa em envolver os críticos, o IPCC anunciou que estava solicitando a criação de um painel independente para revisar seus procedimentos de pesquisa, a fim de eliminar parcialidades e erros de futuros relatórios.

Entretanto, alguns críticos acreditam que se tratam apenas de esforços cosméticos que não resolvem o verdadeiro problema. "Vou deixar você por dentro de um segredo bem feio - não quero que a confiança na ciência do clima seja recuperada", disse Willis Eschenbach, engenheiro e oposicionista do clima que posta frequentemente em blogs de ceticismo climático, em resposta a uma proposta de cientistas de compartilhar mais pesquisas. "Não quero que vocês descubram como inspirar confiança camuflando suas práticas inescrupulosas de maneira inovadora", disse.

Ralph J. Cicerone, especialista em química atmosférica e presidente da National Academy of Sciences, órgão científico mais prestigiado dos Estados Unidos, disse haver o risco de que a desconfiança na ciência climática poderia se ramificar e gerar dúvidas em relação ao conhecimento científico de forma mais ampla. Ele disse que os cientistas devem fazer um trabalho melhor tentando ser ouvidos em redes de TV, rádio e internet.

A batalha é desigual, no sentido de que os cientistas se sentem obrigados a apoiar suas descobertas com observação cuidadosa e análises replicáveis, embora seus críticos sejam livres para fazer afirmações condenando seu trabalho como fraudulentos.

"Temos que fazer um trabalho melhor de explicar que sempre existem mais coisas para serem aprendidas, sempre há incertezas a serem resolvidas", disse John P. Holdren, cientista ambiental e conselheiro científico da Casa Branca. "Mas também precisamos lembrar às pessoas de que as ocasiões onde um amplo consenso é derrubado por um incrédulo da ciência são muito, muito raras".

Porém, alguns cientistas disseram que responder a céticos em relação a mudanças climáticas era perda de tempo. "Os cientistas do clima são pagos para fazer ciência", disse Gavin Schmidt, climatologista sênior do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA. "O trabalho deles não é convencer o público". Ele afirmou que a recente onda de hostilidade para com a ciência do clima tinha sido motivada tanto pelo inverno frio quanto por qualquer pecado científico, real ou percebido.

"Sempre houve pessoas nos acusando de sermos criminosos fraudulentos, que o IPCC seria corrupto", disse Schmidt. "A novidade é essa paranoia combinada com inverno frio nos Estados Unidos e a liberação do 'climategate'. A resposta é simples, ele disse: "A boa ciência é a melhor vingança".