sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O Brasil merece

Em maio do ano passado, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sancionou uma lei proibindo o comércio varejista de fornecer sacolas plásticas aos consumidores. Essa lei mostra, além daquele ambientalismo bocó que estamos acostumados a ver, o velho asco esquerdista ao livre mercado e à escolha individual. E sabem o pior? Quando a aplicação da lei foi derrubada em novembro de 2011, os empresários do setor foram  velozes em se comprometer a banir as sacolas. Isso me lembrou dos panacas úteis muito bem demonstrados em "A Revolta de Atlas" (Atlas Shrugged, no original).  

Seu bandido!
Além disso, essa aberração legal também determina que os estabelecimentos deverão afixar placas de 40cm x 40cm perto dos caixas com os dizeres "Poupe recursos naturais! Use sacolas reutilizáveis". Reparem nas ordens contidas na tal placa.  Você não é convidado a fazer algo ou a colaborar com o que alguns lobistas e grupos de interesse querem. Você é ordenado a aderir. Ou está contra a lei.
Uma amiga minha trabalha na Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. Ri mentalmente só de pensar na satisfação com os rumos da carreira dela ao ter que fiscalizar a proibição de sacolas plásticas. Ou de um fiscal inspecionando um caixa de supermercado para se assegurar que ninguém ali saia com uma sacola plástica. Não moro mais em São Paulo, mas sempre que viajar para lá, vou levar umas sacolas daqui de casa. Só pra procurar um fiscal da Secretaria do Verde no supermercado. Eu sei que é mesquinho, mas pra quem está escrevendo sobre sacolas plásticas, qualquer pequena alegria conta. Será que vão me enquadrar na Lei de Crimes Ambientais?

A vanguarda do atraso
O Brasil é a vanguarda do atraso. São Paulo, em especial, é veloz em aderir a qualquer bobagem da moda que tenha virado lei em outras metrópoles. Lei anti-fumo em New York? Lá vai alguém propor isso em SP. Bicicletas para alugar nas ruas de Paris? São Paulo não pode ficar pra trás. Espero que nenhum dos vereadores, prefeitos ou secretários de São Paulo vá a Daca (capital de Bangladesh), ou logo teremos um serviço público de riquixás na cidade. 

Isso já aconteceu antes
O que mais me incomodou nessa estória toda de placas e de quererem decidir o que é melhor para você e para o comércio foi a impressão que eu já havia visto algo muito parecido com isso. Então recordei de um artigo de Lem Rockwell onde ele lembra que: 
"eles eram fanáticos por saúde, maníacos por exercícios físicos, ecologistas radicais, entusiastas de comidas orgânicas e defensores ferrenhos dos direitos dos animais, além de nutrirem profundo menosprezo por álcool e tabaco."
Não, Mr. Rockwell não está se referindo à Serra, Kassab ou outro de nossos iluminados governantes que sempre sabem o que é melhor para nós. Rockwell se refere aos nazistas. Todos sabemos como essa história acabou. 
Não estou dizendo que nossos governantes são nazistas. Mas há coincidências: a ideologia estatizante, a paixão pela burocracia, o despropósito das ações, os meios tortos para objetivos errados... 

Cadê as prioridades?
Proíbe-se o tabaco - esses fumantes são uns delinquentes - em um país onde há mais de 50mil homicídios por ano. É obrigatório manter ao menos 20% de mata na sua propriedade privada. Em torno de 40% do seu dinheiro vai para impostos. O rombo da previdência só aumenta. O país passa por um processo de desindustrialização. Nossa inteligentsia está preocupada em proibir sacolas plásticas num país onde mais da metade da população não tem rede de esgoto.
O que virá depois? Proibição de fraldas descartáveis? Banimento de plásticos de bala? 

Nós merecemos
Cada país tem os defensores que merece. Dayan repeliu os árabes de Israel. Kassab é o Dayan do lixão. Truman fez os japoneses se renderem. Serra é o Truman dos fumantes  kamikazes.
E eu? Vou ao supermercado comprar cigarros. Farei questão de pedir uma sacola plástica. Se isso é o melhor que nossos governantes conseguem fazer, vou embalar meu título de eleitor na sacola e jogá-lo fora.
No lixo orgânico.