sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Para Alemanha, tarifa de carbono é "eco-imperialismo"

3/ago/09 (Alerta em Rede), por Nilder Costa

Enquanto no Brasil assistimos o Ministério do Meio Ambiente baixar normas para taxar emissões de CO2 de usinas termelétricas, em outros países, como a emergente Índia e até a industrializada Alemanha, a postura governamental na adoção de medidas para “mitigar” o teórico aquecimento global é bem diferente.

Em termos duros e diretos, o ministro do Ambiente indiano Jairam Ramesh declarou que, por pelo menos 10 anos, seu país não negociará a assinatura de compromissos legalmente impositivos prevendo cortes absolutos nas emissões de gases que provocam o efeito estufa. "Estamos engajados [nessa luta] porque muitos países ocidentais não cumpriram suas obrigações e onde havia uma linha de referência acordada [sobre emissões] eles agora estão mudando tudo", afirmou Ramesh. [1]

É relevante mencionar que esse endurecimento da Índia ocorreu logo após a recente tentativa da poderosa secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, de convencer os indianos de que seu crescimento econômico não seria comprometido se adotassem uma política de baixas emissões de carbono.

Já o sercretário-geral do Ministério de Meio Ambiente da Alemanha, Matthias Machnig, foi ainda mais ríspido e classificou de “eco-imperialismo” a proposta da França para criar “tarifas de carbono” sobre os produtos de países que não estivessem se “empenhando” em cortar os gloriosos gases de efeito estufa: “Existem dois problemas [na proposta francesa] – violação das regras da OMC (Organização Mundial de Comércio) e o sinal que se trataria de uma nova forma de eco-imperialismo. Estamos fechando nossos mercados para produtos [daqueles países] e não creio que isso seja um bom sinal para as negociações internacionais”, disse ele. [2]

A declaração de Machnig foi feita semana passada, na Suécia, durante o encontro de ministros da energia e do meio ambiente dos 27 países da União Européia, na tentativa de obterem uma visão comum sobre o aquecimento global antes da Conferência de Copenhague (COP-15), em dezembro próximo.

Sobre o comentário de alguns ministros de que a proposta francesa poderia ser uma espécie de “Plano B” caso a COP-15 fracasse em obter um amplo acordo, Andreas Calgren, ministro do Meio Ambiente da Suécia, foi categórico: “Somos absolutamente contra o uso do ‘protecionismo verde’. Não deve haver muros ou barreiras nas fronteiras contra produtos importados de países em desenvolvimento”, disse Calgren.

Notas:
[1]Índia rejeita cortar suas emissões por ao menos 10 anos, Valor, 03/08/2009
[2]Germany Calls Carbon Tariffs "Eco-Imperialism", Reuteres, 27/07/2009

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