sexta-feira, 28 de agosto de 2009

“Ar quente” na Europa

Por: Geraldo Luís Lino (21 July, 2009 10:23:00)
Aos poucos, a realidade das considerações socioeconômicas vai se impondo sobre a ideologia catastrofista e os arreglos político-econômicos baseados no aquecimento global antropogênico. Nos últimos dias, os governos da China e da Índia deixaram claro que não pretendem sacrificar seus planos de desenvolvimento com as irreais e inúteis reduções no uso de combustíveis fósseis, que os mentores da agenda “aquecimentista” pretendem estabelecer na 15ª. Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, em dezembro próximo.

Na própria União Européia, até agora o único centro econômico a adotar voluntariamente as metas de emissões de carbono –, devidamente acompanhadas de um mercado de créditos de carbono (o chamado ETS) -, tais metas têm sido crescentemente questionadas, devido ao seu elevado custo econômico. Emblemático dessa atitude é um editorial do Wall Street Journal Europe de 7 de julho, intitulado “Ar quente europeu – a realidade econômica das políticas de mudanças climáticas está se consolidando, afinal”.

O texto começa advertindo que quaisquer declarações sobre metas de emissões adotadas na cúpula do G-8, em Aquila, Itália, deveriam ser recebidas com cautela e justifica:

..." Enquanto os líderes podem ainda estar pensando que é boa política cantar músicas do hinário verde, outras realidades estão finalmente começando a se impor, especialmente na Velha Europa. A saber: as restrições às emissões de gases de efeito estufa envolvem custos enormes em troca de ganhos incertos e são exatamente o que economias em recessão não necessitam.

As preocupações com os custos altos e empregos perdidos já ameaçam os planos de controle de emissões na Austrália e na Nova Zelândia, e para assegurar a aprovação do esquema cap-and-trade na Câmara dos Deputados dos EUA, seus apoiadores tiveram que empurrar a legislação antes que alguém pudesse lê-la. O enfraquecimento do consenso anticarbono na Europa Ocidental é particularmente marcante. (...)

Isso tem assustado os políticos. Eles podiam até estar dispostos a sacrificar uns poucos empregos quando assinaram [o Protocolo de] Kyoto em 1997. Mas, na época, os tempos econômicos eram viçosos. Hoje, uma desaceleração global está forçando a se repensar se o controle de emissões justifica o custo. Com o debate científico sobre as causas, efeitos e soluções das mudanças climáticas se tornando cada vez mais vigoroso [sic], esta é uma pergunta que vale a pena ser feita..."


Uma vez mais, vale ressaltar que nada disso implica em que a agenda de restrições pós-Kyoto esteja descartada. Como se sabe, tanto em Washington como em Londres e outras capitais, planos estão sendo feitos para implementá-la. Mas, até dezembro, muita água passará sob a ponte da crise econômica, proporcionando às forças do bom senso e da racionalidade uma chance de suplantar o obscurantismo ambientalista.

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