segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O carvão e o aquecimento global

Por: Editoria do Alerta em Rede

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a China ultrapassou os Estados Unidos no ano passado como o país de maior consumo de energia do planeta. Mesmo que esperado a algum tempo, o impacto simbólico do fato não é trivial, como comenta Fatih Birol, da AIE: "À medida que a China ultrapassa os Estados Unidos como a maior consumidora de energia do mundo, isso deixa de ser apenas uma questão doméstica para a China e passa a ter repercussões para o resto do mundo, não só em termos de abastecimento, mas também na maneira em que a energia é consumida". [1]

Atualmente, a principal fonte energética da China é o carvão, que responde por cerca de metade de suas necessidades e gera 80% da eletricidade do país. Como possui enormes reservas de carvão, as limitações de sua utilização pela China se dará muito mais por questões logísticas que ambientais. É fato conhecido que a malha ferroviária do país enfrenta importantes estrangulamentos exatamente devido ao transporte de carvão das minas para as termelétricas que, para satisfazer as necessidades, vêm sendo construídas ou ampliadas a uma taxa quase semanal. Por exemplo, na província de Shanxi, no norte da China, existem cerca de 1.500 minas de carvão em funcionamento obrigando que filas intermináveis de trens trafeguem dia e noite a caminho do porto de Qinhuangdao, na costa leste do país.

Por outro lado, também nos EUA o carvão tem importância energética vital para o país onde, igualmente, é fonte de cerca da metade da eletricidade gerada. Quadro similar ocorre na Alemanha, tida pelos “verdes” como vanguardeira na utilização de energias renováveis, leia-se eólica e solar. Semana passada, por exemplo, o governo alemão recusou a diretriz o órgão executivo da União Europeia (UE) que deseja que os membros do bloco cessem os subsídios à indústria carvoeira em quatro anos. Na Alemanha, entretanto, há três anos, o governo federal havia se comprometido a manter o auxílio até 2018. [2]

De fato, o carvão está passando por uma retomada fenomenal em toda parte, com demanda crescente, transformando-o na segunda maior fonte de energia em todo o mundo, depois do petróleo. Especialistas da AIE estimam que a demanda pelo carvão aumentará nas próximas duas década muito mais do que por qualquer outra fonte de energia e passará dos níveis atuais, de cerca de 6,7 bilhões de toneladas por ano, para quase 10 bilhões de toneladas em 2030. A China e a Índia são as principais responsáveis pelo aumento da demanda de carvão, e os dois países já respondem por mais da metade da demanda global. [3]

Ocorre que nenhum outro combustível fóssil está disponível em tamanha quantidade; as atuais reservas de carvão durarão por gerações. Nenhum combustível fóssil é tão barato: custa apenas cerca de 5 centavos de euro (cerca de US$ 0,06 ou R$ 0,11) para gerar um quilowatt-hora de eletricidade a partir do carvão, comparado com cerca de 40 centavos (R$ 0,90) a partir da energia solar. E nenhum combustível fóssil tem uma distribuição tão ampla. Todos os continentes têm reservas adequadas e, diferentemente do petróleo, a maior parte dessas reservas são encontradas em regiões relativamente estáveis em termos geopolíticos, como a América do Norte, Europa e Austrália.

Só mesmo os ingênuos ou os mal-intencionados poderiam acreditar que estes países abririam mão do carvão, tido como principal fonte de emissão antripogênica de CO2, para combater um suposto aquecimento global.

Notas:
[1]China consome mais energia e amplia influência no setor, Valor, 20/07/2010
[2]Alemanha rejeita proposta europeia e diz que manterá subsídio a minas até 2018, DW, 21/07/2010
[3]Demanda mundial de carvão é cada vez maior, Der Spiegel, 25/07/2010

Um comentário:

  1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTORES RURAIS

    A Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (FAES), através de seu Conselho de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (COMARH), com o apoio do Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA, está iniciando uma pesquisa (inéditas e em âmbito estadual) voltada ao estudo da percepção ambiental dos produtores rurais. Entre outros objetivos, a pesquisa visa assegurar à FAES informações adicionais para seu programa de conscientização ambiental do segmento dos produtores rurais. É pretensão do NEPA levar (posteriormente) esta importante pesquisa para outros Estados de modo a, progressivamente, ter o cenário da percepção ambiental nacional do segmento O NEPA acaba de concluir na Região da Grande Vitória (ES), pesquisa também inédita para a região, um estudo da percepção ambiental da sociedade frente à problemática (causas, efeitos, prós e contras) das mudanças climáticas.

    Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    roosevelt@ebrnet.com.br

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