domingo, 21 de fevereiro de 2010

IPCC, Um Himalaia de Falsidades...

Por: Geraldo Lino (Alerta em Rede)

Definitivamente, o clima não se mostra favorável para o conjunto de interesses que transformou o aquecimento global antropogênico em uma verdadeira indústria. Nos últimos meses, uma sucessão de acontecimentos tem contribuído para minar a credibilidade dos cenários catastrofistas que sustentam a delirante agenda de limitação dos usos dos combustíveis fósseis pretendida por tais círculos. Primeiro, a eclosão do escândalo “Climagate”, com o vazamento de e-mails e documentos do Centro de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia, que explicitou as práticas nada científicas de alguns dos principais cientistas que responsabilizam a Humanidade pela alta de temperaturas ocorrida entre o final do século XIX e o final do XX. Logo em seguida, o fiasco da Conferência de Copenhague, onde ficou evidenciado que, para a maioria dos atores políticos e econômicos engajados na pauta “aquecimentista”, a questão se resume a quem deve desembolsar e quem deve embolsar o dinheiro resultante da transformação do carbono em mercadoria internacional. Agora, o próprio templo do “aquecimentismo”, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que já vinha sendo questionado por sua defesa incondicional dos personagens do “Climagate”, encontra-se na alça de mira por conta do escasso rigor científico de informações apresentadas no seu celebrado relatório de 2007, geralmente apresentado como o estado da arte sobre o assunto.

A polêmica envolve as geleiras da cordilheira do Himalaia, que, segundo o relatório, “estão recuando mais rapidamente do que em qualquer outra parte do mundo” e poderiam desaparecer até 2035. Em novembro último, a afirmativa foi contestada em um relatório oficial do governo indiano, elaborado por alguns dos principais glaciologistas do país, o que levou o presidente do IPCC, o engenheiro e economista indiano Rajenda Pachauri, a denunciar o documento como “ciência vudu”, por não ter sido submetido ao processo de revisão por pares. Ocorre que, assim como se verifica com numerosas outras afirmativas encontradas nos documentos do IPCC, o prognóstico não tem qualquer base científica e, pior ainda, sequer foi submetido à revisão por pares.

O “prognóstico” original foi feito em 1999 pelo glaciologista Syed Hasnain, então na Universidade Jawaharlal Nehru, em uma entrevista telefônica ao jornalista ambiental Fred Pearce, que o citou em sua coluna na revista New Scientist. Posteriormente, em 2005, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) repetiu a citação em um relatório sobre as geleiras asiáticas – e este relatório de uma das ONGs líderes do movimento ambientalista internacional foi a fonte para o relatório do IPCC! Hasnain, que jamais publicou qualquer artigo com tais números, admitiu que eles resultaram de uma mera “especulação”. A trama foi revelada pelos jornalistas do The Times Jonathan Leake e Chris Hastings, na edição de 17 de janeiro do diário londrino.

Confrontado com as evidências, o IPCC empenhou-se em um canhestro esforço de “controle de danos”. O climatologista Murari Lal, que supervisionou o capítulo sobre geleiras do relatório do IPCC, limitou-se, inicialmente, a recomendar a exclusão do texto: “Se Hasnain diz, oficialmente, que nunca afirmou isso, ou que é um pressuposto errado, eu recomendarei que a afirmativa sobre as geleiras do Himalaia sejam removidas de futuras avaliações do IPCC.”

Uma nota oficial do órgão admite que, “na redação do parágrafo em questão, os claros e bem estabelecidos critérios de evidências requeridos pelos procedimentos do IPCC não foram aplicados corretamente”. Porém, para não dar o braço a torcer, a nota “reafirma o nosso forte compromisso em assegurar esse nível de desempenho”.

Em entrevista à BBC (19/01/2010), o vice-presidente do IPCC, Jean-Pascal van Ypersele, tentou um contra-ataque, admitindo o erro, mas ressaltando: “Eu não vejo como um erro em um relatório de 3 mil páginas possa prejudicar a credibilidade do relatório como um todo. Algumas pessoas tentarão usar isso para prejudicar a credibilidade do IPCC, mas, se nós podemos descobrir, explicar e mudar isso, a credibilidade do IPCC deve ser reforçada, mostrando que estamos prontos a aprender com os nossos erros.”

Mas o imbróglio não se encerra por aí. Em entrevista ao jornalista David Rose, do Daily Mail (24/01/2010), o Dr Lal admitiu que, quando trabalhava na elaboração do relatório de 2007, já sabia da inconsistência da informação e a manteve assim mesmo. Em suas palavras:

Ela se relacionava a vários países na região e às suas fontes de água [o degelo do Himalaia alimenta os maiores rios que fluem para o subcontinente indiano]. Nós pensávamos que, se pudéssemos ressaltar isso, provocaria um impacto nos formuladores de políticas e nos políticos e os incentivaria a tomar medidas concretas. Isso era importante para a região, então, achamos que deveríamos colocar.

Ou seja, um dos principais redatores do IPCC admite sem melindres que ele e seus colegas inseriram no relatório uma informação que sabiam ser falsa, por motivações políticas!

E tem mais. Como revelou Richard North, no blog EUReferendum (18/01/2010), os doutores Hasnain e Pachauri tiraram proveito das informações alarmistas sobre as geleiras do Himalaia para criar um lucrativo programa de pesquisas sobre o assunto. O TERI-NA (The Energy and Resources Institute-North America), ONG criada em 1990 para promover soluções de mercado para problemas ambientais, igualmente presidida por Pachauri, conseguiu em 2008 uma doação de 500 mil dólares da Fundação Carnegie, para estabelecer um programa para “pesquisa, análise e treinamento em segurança e desafios humanitários relacionados à água nos países do Sul da Ásia, causados pelo degelo dos glaciares do Himalaia”. Para encabeçar o esforço, foi escolhido ninguém menos que o Dr. Hasnain.

Possivelmente, o melhor resumo dessa história, que denota a deplorável submissão da ciência à ideologia ambientalista e aos grandes interesses políticos e econômicos, foi feito pelo colunista do Daily Telegraph James Delingpole (18/01/2910): “Então, para recapitular: em meio a uma deturpada conversa telefônica, um cientista inventa acidentalmente um problema que não existe. Isto é publicado como um evangelho numa influente revista científica aquecimentista e repetido por uma ONG aquecimentista, antes de receber a plena autoridade do quarto relatório de avaliação do IPCC, que, como sabemos, não pode estar errado porque é aprovado por cerca de 2.500 cientistas. Então, por trás dessa história inverídica, o cientista consegue um bem remunerado trabalho na instituição cujo diretor também está a cargo do IPCC. Trabalho agradável, se se pode inventá-lo, não?
 

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