terça-feira, 22 de setembro de 2009

A CARNE É NOSSA...

Saiu no Blog do Noblat... Muito bom o artigo, vale a pena a leitura...

ARTIGO (Por por Ateneia Feijó - 22.9.2009 12h05m)

Faz tempo a humanidade entendeu que para continuar consumindo proteína animal deveria trocar a caça silvestre por animais criados em cativeiro. Não apenas por comodidade, mas principalmente porque a natureza sozinha não daria conta de gerar o necessário para matar a fome da população humana carnívora em expansão na Terra. Insistir e contentar-se naturalmente com o produto das caçadas resultaria em extinção: da caça e dos caçadores. Ou seja, mesmo no topo da cadeia alimentar, os humanos não teriam mais carne para comer.
Daí cuidaram de criar seus bichos de acordo com suas preferências culinárias. Hoje, apesar do nosso país ainda ter gente desnutrida, a cada três quilos de carne bovina exportada no mundo, um quilo é do Brasil. Como se não bastasse, os frigoríficos JBS e Bertin se fundiram fazendo surgir a maior produtora multinacional de carne do planeta; vendedora também de couro, leite e derivados.

A carne é nossa, está falado. Chegou a vez agora da multiplicação dos peixes. Mais ou menos pela mesma razão do que aconteceu em campos e florestas, não dá mais para continuar pescando indefinidamente em mares, lagos e rios. No Brasil, e mundo afora, a criação em cativeiro vem garantido excelentes peixes na boca de seus apreciadores.

Mas a piscicultura exige água disponível, dinheiro e tecnologia. Sem esquecer de suas rações e cuidados permanentes com a saúde da criação. Para quem não sabe, os peixes de cativeiro são engordados em fazendas com tanques escavados de água doce ou tanques-redes (no mar) de água salgada.

Devem ser tratados especialmente para consumo e por pessoas treinadas de maneira adequada. Como acontece na criação de bois controlada por rastreamento na cadeia produtiva; iniciada na fazenda e estendendo-se à indústria frigorífica, estocagem e expedição dos produtos.

Ao contrário do que muitos pseudoambientalistas de prontidão imaginam, o novo modelo (ou paradigma) de economia sustentável para o século XXI não dispensa pesquisa científica, tecnologia sofisticada e relações comerciais. Tampouco pretende que as pessoas dispensem um consumo inteligente de energia: a começar pela comida.

Onde, como e o que plantar ecologicamente correto, capaz de alimentar 6,8 bilhões de humanos? Está aí o desafio agrícola da vez. E a precisão de um equilíbrio demográfico pra valer.

Outra coisa. As novas formas de energia e de se viver, consideradas hoje mais propícias à mudança do clima global, certamente acabarão superadas em algum outro momento. Quem diria que os combustíveis fósseis seriam condenados? As hidrelétricas questionadas por indígenas? Futuramente, a energia eólica, por exemplo, terá alguma contra-indicação? Não dá, portanto, para desacelerar festivamente; descansar...

Quem dera. Nem que as emissões de C02 provocadas pelos humanos diminuam agora. O núcleo da Terra vai se conservar incandescente, a crosta deslizante, a lava em erupções vulcânicas etc etc. Sem falar nos meteoros tirando fino deste globo rochoso. E aí a humanidade deve jogar a toalha? Nunca!

Quando defendo biodiversidade, bancos genéticos e reservas naturais estratégicas, os motivos são bem objetivos. Não, não são para contemplação. Então, para que existiriam? Para mim, para serem estudados; compreendidos. Ensinar-nos a pensar, fazer-nos evoluir e nos auto-sustentar humanamente. Entretanto, há quem propague a sustentabilidade como ideologia para se obter uma "felicidade concreta". Desculpem-me. Creio que a felicidade está em todos nós: subjetiva.

Tem que se aprender a se sentir feliz. Em vez de ficar desejando enxergar a vida por outros olhos ou querendo que os outros a enxerguem por nossos olhos. Res-pi-ra-mos o mesmo ar cada qual com o seu nariz. Se não fosse assim, a Terra não seria esta. E a carne não seria nossa.

Ateneia Feijó é jornalista


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