É o que primeiro me ocorre após a patética entrevista dada pela senhora ao Programa Roda Viva no final da noite desse dia 13 de Junho de 2011...
Fazem 24 anos que a doce senhora enveredou-se na política, primeiro Vereadora, depois Deputada Estadual, Senadora, Ministra e Candidata à Presidência da República no ano de 2010.
Defensora do chamado Desenvolvimento Sustentável e do Extrativismo, Marina se esquece da vida que teve quando morava no Acre. Se esquece das malárias e leshimanioses que teve quando sua família era extrativista. Se esquece dos 04 irmãos perdidos na floresta pelas faltas de condições de vida. Você desejaria isso para os seus? Eu não... Mas é isso que defende a senhora Marina quando fala tão apaixonadamente do extrativismo e do desenvolvimento sustentável.
Sou nascido amazônida e criado neto de agricultores familiares que colocaram os filhos para estudar por não querer que os mesmos tivessem vida tão sofrida, porque isso é que é: uma vida danada de sofrida, de lida desde cedo e de dormida cedo também, com o cansaço corroendo o corpo... Por isso, tenho um profundo respeito pelos que cuidam da terra e dela vivem.
Não posso aceitar que uma senhora dessas, que não vive mais com seus pares na floresta, e nem com agricultores partilhando seus dia-a-dia me venha falar de anistia a desmatadores... Não posso crer que ela realmente pense isso... Por isso digo que ela não é mais uma amazônida.
Quando diz que não pode aceitar a “anistia” pois quem preservou sua reserva e obedeceu à Lei será penalizado, ela esquece do que sempre fala aos quatro cantos: Os Serviços Ambientais. Pois esses deveriam ser premiados sim, e pagos pela preservação que mantiveram... Mas isso ela não fala, e sim, imputa e essas pessoas, o peso de ficarem ilegais, levando a muitos que não tem um pouquinho de conhecimento a tirar conclusões erradas...
Os “desmatadores” que ela tanto fala, em sua maioria são pequenos e médios produtores e também assentados da reforma agrária que necessitam fazer aberturas para plantar e converter suas áreas em pasto, pois assim, agregam mais valor à terra e afinal, quem não quer seu bem valorizado?
Quem vive longe dos centros urbanos e não tem boas estradas e nem garantias de comercialização faz uso do mercado existente e basicamente, esse mercado, falando aqui mesmo da Amazônia, é formado pela pecuária, pelo rebanho que pode ser vendido a qualquer hora e em qualquer época do ano, pois se a estrada está “cortada” ou a ponte caiu, o rebanho vem andando... diferente de mil cachos de banana...
O que prega a senhora acreana está muito longe de acontecer, mais acontecerá, quando tivermos estradas, energia, conforto, aí sim, poderemos pensar nos tais serviços ambientais com viabilidade, pois como são postos hoje, essa viabilidade não existe e nem garante a reprodução familiar em função dos parcos valores pagos... É engraçado, fala-se tanto no enorme valor da floresta e não se consegue pagar justamente por isso... É claro que um hectare de floresta vale muito mais que qualquer outra cultura, mais quem está disposto a pagar? Eu não conheço ninguém...
Fico também realmente entristecido com os entrevistadores do programa Roda Viva... Tiveram grande oportunidade de debater um grande tema, o Novo Código Florestal, e não se deram ao trabalho nem de ler o excelente texto do Deputado Aldo Rebelo, uma pena... pra eles...
A senhora acreana sempre muito bem articulada os engoliu completamente e algumas vezes faltou com a justa verdade, principalmente quando citou a Pesquisa sobre o código florestal realizada por telefone e com apenas 1.286 pessoas, bem como, quando citou o “estudo” realizado pelo IPEA sobre o novo código florestal o qual (o estudo) chega a conclusões hipotéticas e baseadas em cenários também hipotéticos... Representam a verdade?
A verdade é representada pelas centenas de audiências realizadas pelo Deputado Aldo Rebelo quando fazia o substitutivo ao código florestal, aí está a verdade.
Perdeu grande oportunidade a ex-senadora de mostrar a viabilidade econômica do extrativismo... Porque não fala em números nessas horas? Porque não cita valores? Simples, porque não os tem...
Eu penso que você só tem tempo de pensar em ecologicamente correto e socialmente justo quando você já é economicamente viável... que o digam os países europeus...
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